segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Não quero, não posso

Sempre existe uma pessoa que a gente nunca mais viu, nunca mais conversou, nunca mais quis na vida da gente. Sempre existe! Pode falar que não, que estou errada e que é coisa de gente apegada ao passado. Mas não é. Tem dias que paro e fico pensando onde estará aquela pessoa que tanto me deu, com que rosto está, por onde anda, está feliz? Sou curiosa e não gosto de perder os detalhes, talvez seja por isso que não enfrento minhas perdas como uma pessoa normal. Meu luto é cansativo, mas depois de um tempo tudo melhora. Hoje eu comecei a pensar no caminho traçado até aqui e como as pessoas aparecem e somem das nossas vidas em um piscar de olhos. Odeio admitir isso, mas sinto saudades do contato, da história, das risadas. Sinto saudade de poder sentar e lembrar daquele dia em que ficamos acordados até amanhecer fazendo planos de um futuro que mal sabíamos que não ia existir. Teve também aquela vez que reservamos a fazenda só para nós dois, e eu tirei uma foto sua olhando para mim. Nunca vou esquecer do seu olhar naquela foto. Foi o dia em que eu mais me senti amada na vida. Penso por onde anda, com quem anda? Não quero viver tudo de novo pois o que está no passado deve continuar lá. Mas é engraçado viver tanta coisa boa para depois desaparecer como se nada fosse importante. Meu defeito é dar importância para os detalhes, sorrisos, gestos, palavras. Eu consigo me lembrar das frases e vírgulas que cada pessoa importante me falou. Guardo os detalhes para depois ficar revivendo a história, sem querer vivê-la de novo. A saudade que alimento dessas pessoas, que eu não faço ideia de onde estão, é mais como uma válvula de escape para saber que um dia deu certo. Sair da rotina é algo que valorizo e com eles era tão prático. Lembro de mentir para passar o dia inteiro com quem eu queria e esquecer dos compromissos. Lembro de olhar no meio da escuridão e gargalhar porque estávamos felizes. Sinto falta do meio da noite, do abraço e do cochicho no ouvido garantindo que tudo estava bem. Essas pessoas me deixaram boas lembranças, mas acima de tudo me deixaram a esperança que relacionamentos como esses existem. Lembro até do relacionamento pós relacionamento. Como agir, falar, brincar? Nunca soube, mas a gente tentou! É uma pena que foi preciso desaparecer para continuar a viver. Sinto falta do papo com alguém que me conheça, com alguém que queira me conhecer. Essas pessoas eram tudo o que procuro hoje. Acontece que uma vez ou outra fico fuçando para ver como estão. É importante que eles estejam felizes, assim como eu estou. Me pergunto se em algum momento do dia eles se perguntam como estou, onde estou, com quem estou. É óbvio que a resposta eu já sei, mas me conforta saber que não esqueci esses momentos especiais. Para mim recordar é viver, mas não reviver. Se existem pessoas que me fazem perder o tempo sorrindo ao lembrar o quanto já dei certo na vida, essas pessoas são eles. Antes sofria muito com essas lembranças, mas depois que amadureci e percebi como aquele amor era fácil, verdadeiro e cheio de alegria, agradeço por cada gota de amor que extraíram de mim. Elas foram necessárias para acreditar em algo tão maior que eu.

- Jana Escremin

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