terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Assuntos inacabados

Muita coisa aconteceu nos últimos anos, muita coisa foi deixada para trás e muita coisa ainda persegue. E mesmo que eu não me arrependa do rumo que dei para a minha vida, sei que assuntos inacabados sempre voltam para assombrar. Todas as atitudes que tomei possuem uma história interessante de amor, desilusão, acertos, trocas e principalmente uma ou outra jogada de orgulho bruto. Sempre fui assim. Me recuso a aceitar voltar atrás, me recuso a correr atrás de alguém, me recuso a engolir o que me mantém em pé. Sempre fui do tipo que arrumava as malas e mudava de cidade, ou pintava os cabelos, ou mudava o olhar. Não estou dizendo que estou certa e muito menos que tudo o que fiz foi correto, porém arrumei um jeito de me proteger do mundo e da sua falta de amor. Eu me transformava a cada amor destruído e ficava sempre mais destruída por dentro. Lembro de amar com tanta vontade e acenar para o vazio. Lembro de amar com tanta vontade e ver o olhar de quem se tem indo em outra direção. Lembro de amar com tanta vontade e não entender porque mentir sempre foi uma alternativa. Mas, por incrível que pareça os últimos anos têm sido muito fáceis. Desde que arrumei as malas, eu parei de procurar encrenca. Não foi de propósito, apenas criei uma barreira onde o orgulho fala mais alto e onde ninguém consegue chegar. O fato é que por mais livre que esteja do meu passado, ainda sinto que os pedaços dessas histórias que fugi continuam a perseguir. Todos acusam meu orgulho e esse silêncio que faço quando tenho muito a dizer. Dizem por aí que o meu orgulho está remoendo os pedaços e um dia virá descascar as feridas me fazendo lembrar o quanto deixei para trás. Enfim, uma verdade seja dita: O orgulho dói e eu daria tudo para deixá-lo para trás. Depois de tantos anos ainda encontro dificuldades em construir qualquer coisa, e culpo a mim mesma por não saber me entregar. O engraçado de toda essa história é que um passado pode desaparecer por anos, mas quando ele aparece eu começo a pensar em tudo de novo e isso machuca. Não é por causa do sentimento, pois esse já se foi. Mas por causa da minha incapacidade de fazer as pessoas ficarem. Enfrento meu passado, mas o que ninguém imagina é o quanto luto para não formular aquelas perguntas idiotas de menina boba. Meu orgulho mostrou o pior em mim, e hoje não me torna a primeira escolha de ninguém. Quando vejo tudo o que passei consigo numerar as pessoas que ocuparam lugares que poderiam ser meus, e me sinto mal por não ter vivido aqueles romances. Mas por uma incrível capacidade de ficar em silêncio e de deixar estar acabei me perdendo numa solidão boa, porém com uma única culpada, eu.

- Jana Escremin

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