Muita
coisa aconteceu nos últimos anos, muita coisa foi deixada para trás e
muita coisa ainda persegue. E mesmo que eu não me arrependa do rumo que
dei para a minha vida, sei que assuntos inacabados sempre voltam para
assombrar. Todas as atitudes que tomei possuem uma história interessante
de amor, desilusão, acertos, trocas e principalmente uma ou outra
jogada de orgulho bruto. Sempre fui assim. Me
recuso a aceitar voltar atrás, me recuso a correr atrás de alguém, me
recuso a engolir o que me mantém em pé. Sempre fui do tipo que arrumava
as malas e mudava de cidade, ou pintava os cabelos, ou mudava o olhar.
Não estou dizendo que estou certa e muito menos que tudo o que fiz foi
correto, porém arrumei um jeito de me proteger do mundo e da sua falta
de amor. Eu me transformava a cada amor destruído e ficava sempre mais
destruída por dentro. Lembro de amar com tanta vontade e acenar para o
vazio. Lembro de amar com tanta vontade e ver o olhar de quem se tem
indo em outra direção. Lembro de amar com tanta vontade e não entender
porque mentir sempre foi uma alternativa. Mas, por incrível que pareça
os últimos anos têm sido muito fáceis. Desde que arrumei as malas, eu
parei de procurar encrenca. Não foi de propósito, apenas criei uma
barreira onde o orgulho fala mais alto e onde ninguém consegue chegar. O
fato é que por mais livre que esteja do meu passado, ainda sinto que os
pedaços dessas histórias que fugi continuam a perseguir. Todos acusam
meu orgulho e esse silêncio que faço quando tenho muito a dizer. Dizem
por aí que o meu orgulho está remoendo os pedaços e um dia virá
descascar as feridas me fazendo lembrar o quanto deixei para trás.
Enfim, uma verdade seja dita: O orgulho dói e eu daria tudo para
deixá-lo para trás. Depois de tantos anos ainda encontro dificuldades em
construir qualquer coisa, e culpo a mim mesma por não saber me
entregar. O engraçado de toda essa história é que um passado pode
desaparecer por anos, mas quando ele aparece eu começo a pensar em tudo
de novo e isso machuca. Não é por causa do sentimento, pois esse já se
foi. Mas por causa da minha incapacidade de fazer as pessoas ficarem.
Enfrento meu passado, mas o que ninguém imagina é o quanto luto para não
formular aquelas perguntas idiotas de menina boba. Meu orgulho mostrou o
pior em mim, e hoje não me torna a primeira escolha de ninguém. Quando
vejo tudo o que passei consigo numerar as pessoas que ocuparam lugares
que poderiam ser meus, e me sinto mal por não ter vivido aqueles
romances. Mas por uma incrível capacidade de ficar em silêncio e de
deixar estar acabei me perdendo numa solidão boa, porém com uma única
culpada, eu.
- Jana Escremin
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