quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O fulaninho

A gente sempre quer consertar o outro e esquecemos que o erro está em todo lugar. Acuso as minhas noites mal dormidas por causa que o fulaninho não lembrou de mim na noite passada. Que culpa esse infeliz tem? Mal consegue lembrar o que comeu no almoço, quero ver lembrar de mim. É essa mania de querer que o outro seja tudo o que você sonhou. É essa mania de querer pegar alguém e fazer de boneco ou exemplo.

Eu sempre quis consertar alguém. Pegar o cara que nunca quer nada com nada e transformá-lo no apaixonado da vez. Nunca consegui. Coloco esperança em pessoas que não têm salvação. Fico pensando em palavras e atitudes para encantar e acabo encantada, mas sozinha.

Tentamos de todo o jeito mandar e nunca obedecer. Um plano impossível e a luta diária é contra a decepção. É óbvio que vou me decepcionar com ele. Tem gente que oferece pouco e parece muito. Tem gente que oferece muito e parece pouco. Tudo depende do nosso ponto de vista.

Aquele fulaninho que me fez perder o sono é pouco e eu fico tentando ser muito para ver se desperta o muito nele. Nesse palhaçada de querer mais do que tudo, eu perdi 365 dias. Querer consertar o outro não é o caminho certo e nunca será. As pessoas se transformam quando querem. Só que se a gente for capaz de fazer o fulaninho se apaixonar então posso dizer que sou foda, e o meu foda está fraquinho, precisa de energia para saber que é fodástico.

Minha decepção não é sozinha. Olha por aí quantas pessoas tentam aos trancos e barrancos transformar o apaixonado da vez. E dá raiva quando a moça ao meu lado tem o cara ideal! Toda a esperança volta e por isso a gente reclama. Se alguém falar que não é possível, eu vou atrás da moça que me deixou babando de inveja, só para mostrar que aquele amor está por aí, mas o problema é que não encontro.

O problema sou eu e minhas milhões de paranoias. Sou eu e minha carência. Sou eu e minhas expectativas. É o fulaninho e o seu descaso. É o fulaninho e suas mil e uma fulaninhas. É o fulaninho e sua liberdade. É o fulaninho e suas saídas pela tangente. Sou eu atrás do fulaninho e esquecendo que existem milhões de outros fulaninhos esperando por uma louca como eu.

- Jana Escremin

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