É muita decisão para um final de ano. É muita
especulação para um momento tão calmo. É muito pensamento para quem se
acostumou com o básico. Os dias estão arrastados e pareço estar perto
daquilo que sonhei, só que cada vez mais sinto que o tempo
faz de tudo para não "ser". Um final de ano decisivo é tudo o que peço.
Que as tempestades passem e que eu possa curtir minhas decisões sem um
peso na consciência. Passei os últimos anos com o conforto do que me faz
feliz, e agora preciso saber se quero ser mais feliz. Porém isso não é
uma certeza e eu morro de medo quando não tenho nenhuma delas. Acho que
no fundo eu só busco certezas, mas minha busca é tão lenta, tão medrosa
que as vezes nem sinto que estou em busca de algo. Passei a vida dizendo
que quando tivesse a idade que tenho hoje, várias coisas teriam
acontecido e agora chegou o momento. Nunca tive medo de despedidas
porque sempre tive certeza do caminho que optava. Agora não tenho
certeza de nada. Não sei se vou, se fico, se peço, se silencio, se
planto, se colho. Não sei o que fazer desse sentimento, dessa vontade,
desse desejo. Pedi para que alguém falasse o que fazer, mas a resposta é
pior do que pensava. Se ficar qual será meu destino? Se ir o que me
espera lá? Odeio não saber o que acontecerá. Antes eu poderia imaginar e
quem sabe já ter um ou dois planos de fuga, mas nada sai. É muita coisa
para poucos dias. É muito peso para quem não está pronta (ou está?).
Sou sonhadora demais e agora não sei o que fazer com esses sonhos.
Parece que o mundo pede uma decisão, mas não me envia nenhum sinal.
Sinais são tudo o que busco. Meu medo começa a cutucar e empurra todas
as borboletas do meu estômago para fora. Chegou a hora de sair, voar.
Mas o que me espera lá fora? São poucos dias, muitas decisões e um
coração que mal sabe se vai ou fica.
- Jana Escremin
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