segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Somos nós e o mistério

E você sabe o que eu penso, mas finge que não sabe. Diz que sou ruim, mas também é. Esbanja sorriso e esquece de fazer sorrir. Quanto tempo isso demora? Qual segredo terei que desvendar? Qual caminho terei que percorrer? Quantas vezes você será o pombo e eu apenas o seu alvo? Parece bobagem pensar que o tempo faz as suas conclusões finais quando já queremos desistir, mas a desistência é tentadora quando é o meu lado que espera, engole, sufoca e fica sem dizer tudo o que é escrito. Já pensei em ser aquela que traz mistério, mas sou apenas a moça frágil. O que é um engano. Não deixo ninguém querer me adivinhar, já solto quem sou, o que quero, o que faço e o que sonho. Não dou tempo para perguntas. Preciso viver do avesso. Deixar o romance lá fora, solto, livre e pronto para as lutas e trancar esse orgulho chato, convencido e irritante que preenche todas as minhas perguntas. Meu pensamento está por aí. Quem quer vê, quem não quer, finge que não vê. E eu aceito, porque é a única solução que me deram. Não sou do tipo que conquista de primeira e isso me fez ser tão paciente, e por muitas vezes perdedora. Tenho que me mostrar, falar, cantar, conviver. A minha conquista não depende de um rosto bonitinho ou de um corpo em forma. Sou do tipo que precisa ser desvendada para conquistar, e você não quer me descobrir. Determinei os caminhos, ensaiei as frases, mostrei como posso ser. Tudo em vão. Por um momento cheguei a acreditar que os resultados estavam perto. Porém, quanto mais perto fiquei, mas longe me senti. É possível? Sim. Porque a única coisa impossível é fazer você falar, se expor, sentir, correr, querer. O impossível é fazer você conjugar verbos que cansei de exercitar e ver você fingindo que não notou.

- Jana Escremin

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