E você sabe o que eu penso, mas finge que não
sabe. Diz que sou ruim, mas também é. Esbanja sorriso e esquece de fazer
sorrir. Quanto tempo isso demora? Qual segredo terei que desvendar?
Qual caminho terei que percorrer? Quantas vezes você será
o pombo e eu apenas o seu alvo? Parece bobagem pensar que o tempo faz
as suas conclusões finais quando já queremos desistir, mas a desistência
é tentadora quando é o meu lado que espera, engole, sufoca e fica sem
dizer tudo o que é escrito. Já pensei em ser aquela que traz mistério,
mas sou apenas a moça frágil. O que é um engano. Não deixo ninguém
querer me adivinhar, já solto quem sou, o que quero, o que faço e o que
sonho. Não dou tempo para perguntas. Preciso viver do avesso. Deixar o
romance lá fora, solto, livre e pronto para as lutas e trancar esse
orgulho chato, convencido e irritante que preenche todas as minhas
perguntas. Meu pensamento está por aí. Quem quer vê, quem não quer,
finge que não vê. E eu aceito, porque é a única solução que me deram.
Não sou do tipo que conquista de primeira e isso me fez ser tão
paciente, e por muitas vezes perdedora. Tenho que me mostrar, falar,
cantar, conviver. A minha conquista não depende de um rosto bonitinho ou
de um corpo em forma. Sou do tipo que precisa ser desvendada para
conquistar, e você não quer me descobrir. Determinei os caminhos,
ensaiei as frases, mostrei como posso ser. Tudo em vão. Por um momento
cheguei a acreditar que os resultados estavam perto. Porém, quanto mais
perto fiquei, mas longe me senti. É possível? Sim. Porque a única coisa
impossível é fazer você falar, se expor, sentir, correr, querer. O
impossível é fazer você conjugar verbos que cansei de exercitar e ver
você fingindo que não notou.
- Jana Escremin
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